sexta-feira, 19 de junho de 2015

Uma Psicologia Deficiente em Lidar com o Diferente



É possível notar que os cursos de graduação em Psicologia estão esquecendo de formar profissionais capacitados para atuar junto a indivíduos imersos na diversidade humana e marcados por especificidades, como aqueles que possuem algum "desfavorecimento" fisiológico e/ou social, que põem em xeque a atuação e o posicionamento engessados do psicólogo que estão sendo construídos no processo formativo desse profissional.

A partir desse cenário foi proposta essa entrevista com Seu Edson, uma pessoa com deficiência física e comprometimento intelectual, e com sua mãe, Dona Geralda. Edson tem 50 anos de idade e ele e sua família são moradores do bairro José e Maria, em Petrolina-PE. Nessa entrevista são tratadas a explicação de Dona Geralda sobre a deficiência do filho, a possibilidade de Edson ter passado por um atendimento psicológico e algumas dificuldades que Edson enfrenta no seu dia a dia. Seu Edson e Dona Geralda representam os sujeitos desfavorecidos em relação às contribuições da Psicologia.








Pode-se observar que, quando a deficiência não é esclarecida para aqueles que convivem com ela, existe um modo de explicação diferenciado para essa condição de vida, como através de crenças religiosas ou místicas. Esse fato influencia na falta de uma prestação de serviço adequada às necessidades do sujeito, o que pode acarretar em consequências negativas na sua vida e em seu processo de desenvolvimento.

Para lidar com as pessoas com deficiência, é necessário que os profissionais de saúde, em especial o psicólogo, se atente para as especificidades do sujeito que se apresenta para ele, com suas limitações e capacidades, como as de natureza linguística, e considere a diversidade de ambientes em que essas pessoas estão inseridas, para que os objetivos traçados sejam alcançados e que haja uma Psicologia destinada a qualquer pessoa que queira e precise ser beneficiada por esse campo de estudo e atuação.    

Para isso, é necessária uma formação que prepare profissionais para atuar em prol de pessoas, sejam elas quais forem, e que estimule os futuros psicólogos a conseguirem estabelecer diálogos com aqueles que fazem uso de outras vias de comunicação, como os sujeitos surdos ou com comprometimento na fala, e com indivíduos que, mesmo detentores da capacidade de oralizar, estão inseridos em ambientes onde a Psicologia ainda é desconhecida ou, quando se faz presente no imaginário das pessoas, encontra-se deturpada, como ocorre no cenário onde a entrevista foi realizada. 

Havendo essa comunicação uma verdadeira Psicologia será constituída, pois não se põe Psicologia em prática sem a participação do outro em um diálogo, onde ambos os envolvidos se entendam e se façam compreender. Será que as condições para que esse cenário ocorra estão acontecendo ou ainda estamos reverberando uma Psicologia que exclui os diferentes e desfavorecidos orgânica e/ou socialmente?    


Postagem: Maria Iane Lima e Rodrigo Carvalho

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